PINTURA DE FACHADA É MUITO MAIS QUE PASSAR TINTA

Quando é hora certa para repintar uma fachada?

Diferente do que muitos pensam, não existe receita de bolo, nem tabelas salvadoras que gerem uma periodicidade que vale para os 4 cantos de nosso país.

Então como fazer, inicialmente a pintura da fachada, necessita ser planejada no plano de manutenção da edificação, ou seja a periodicidade é definida em cada caso, levando em consideração diversos fatores, por exemplo, o definido pela construtora em seu manual das áreas comuns, a idade do edifício, a localização e o impacto dos agentes da natureza, data da última pintura e etc.

A presença de manifestações patológicas na pintura indica que a fachada, já venceu sua vida útil, infelizmente é muito comum ver isto em centenas de edifícios, andando de carro a 60 km por hora, ou seja, não precisa nem ser um super especialista para saber que o momento da pintura foi negligenciado, trazendo prejuízos desvalorização ao patrimônio dos moradores.

Fachadas menos ensolaradas, voltadas para a direção preferencial das chuvas dirigidas, áticos, caixa d’água, platibandas superiores, molduras horizontais etc., costumam se deteriorar antes se comparadas com locais mais protegidos. Desta forma, necessitam de especificações mais rígidas. Por exemplo, no caso das tintas, de uma demão a mais.

Os serviços de pintura e restauração das fachadas podem ser executados em qualquer época do ano. Entretanto, é mais recomendável entre abril e setembro, uma vez que é o período de maior estiagem. Em tempos chuvosos devem ser respeitados os limites de aplicação quanto à umidade relativa e à temperatura, além de poder ocorrer perdas de material por chuvas repentinas.

 

O que exigir das empresas de pintura?

É sempre aconselhável que a avaliação do estado do sistema de revestimento (chapisco + emboço + pintura e/ou revestimentos cerâmicos, textura acrílica etc.) seja realizada por profissionais com experiência no assunto. Há diversas empresas de consultoria no mercado, bem como laboratórios de ensaios, habilitados para um diagnóstico da condição da fachada. Esses profissionais e/ou empresas avaliarão, sob vários aspectos, a necessidade de uma intervenção reparadora ou indicarão um projeto executivo, que certamente terá sentido quando da necessidade de intervenções no sistema de revestimento como um todo.

Este sistema, o qual por sua dimensão e complexidade, em muitos edifícios é um dos mais caros de uma edificação, e recomendamos que o serviço não seja definido sobre o modo de realização ou material a ser utilizado, pela empresa que ira realizar o serviço e sim por um profissional independente e especialista no assunto, de modo a que a solução seja definida por critérios técnicos e não somente pelo menor preço ou promoção.

 Outro fator importante a ser ressaltado é o atendimento a todas as normas do MINISTÉRIO DO TRABALHO, e exigências legais, pois a simples negligencia destas leis, podem resultar em uma diferença de preço do serviço, na ordem dos 20%, mas com riscos a vida dos funcionários e jurídicos difíceis de serem revertidos ao síndicos e ao condomínio, os quais irão arcar com indenizações gigantescas. (e merecidas, por terem aceitos o mais barato e ser responsável pelos passivos.).

Somente para reforçar, caso não tenham lido os outros artigos de nossa autoria, a responsabilidade não pode ser terceirizada, e conforme NR1, cabe ao síndico fiscalizar a obra e fazer cumprir todas as normas de segurança.

Por haver trabalho em altura:

  • Comprovação de vínculo empregatício dos colaboradores;
  • Certificados NR35 para trabalhos em altura;
  • Atendimento aos requisitos da NR18;
  • Apólice Seguro de Vida;
  • PCMSO, conforme NR7;
  • PRA, conforme NR9;
  • Análise Preliminar de Risco;
  • Registro da empresa no CREA;
  • Emissão de ART do responsavel pela empresa ( não aceite terceirizado);
  • Utilização de EPI’s, conforme NR6;
  • Regularidade Fiscal – CNDs;
  • Seguro de Responsabilidade.

Conforme legislação vigente, se faz necessário a elaboração de plano e acompanhamento de profissional habilitado, quanto a segurança da mão de obra deste requisito e soluções de engenharia.

 

Lavagem antes da pintura ou textura?

Somente no caso, ande haverá repintura, é recomendável que a fachada seja lavada por hidro jateamento de forma a remover os poluentes e microrganismos aderidos, eventuais eflorescências, materiais pulverulentos, bem como facilitar a identificação de fissuras, bolhas etc., para que essas sejam corrigidas antes da pintura e/ou texturização.

No caso das texturas acrílicas, se houver necessidade de reparar alguma área danificada, recomenda-se: demarcar a região, protegendo o entorno com um filme plástico ou papel; remover a textura degradada com auxílio de ferramentas apropriadas; limpar o substrato; e aplicar a nova textura de acordo com as recomendações do fabricante do produto

As fissuras e trincas visíveis devem ser recuperadas antes da lavagem de modo a evitar a penetração de água no interior dos edifícios. as que forem identificadas após a lavagem deverão ser recuperadas posteriormente. o importante é que a correção das irregularidades no substrato de aplicação seja realizada adequadamente, de forma que a pintura não seja aplicada sobre anomalias, evitando que o seu desempenho fique comprometido.

Em hipótese alguma, a fachada deverá ser simplesmente lavada, sem que haja a intenção de nova pintura, pois poderá acarretar perda de garantia, da fachada, pois os manuais das áreas comuns, proíbem, (ou deviam proibir)

Que tinta usar?

Diferente do que muitos pensam que algumas marcas, que possuem um nome forte no mercado, se dá por ser a melhor, esclarecemos por experiencia, que algumas marcas com grande marketing não são melhores.

Mas como definir, para isto um profissional habilitado, deverá se embasar na norma ABNT, a NBR 15079/2011 – Tintas para construção civil – Especificação dos requisitos mínimos de desempenho de tintas para edificações não industriais – Tintas látex nas cores claras), estabelece as seguintes definições:

  • Tinta látex Econômica: corresponde ao menor nível de desempenho de uma tinta látex, independentemente do tipo de acabamento proporcionado (fosco, acetinado, sem brilho ou qualquer outra definição). Indicada exclusivamente para ambiente interior, ela deve atender no mínimo às especificações indicadas nessa norma;
  • Tinta látex Standard: tinta látex fosca indicada para ambiente interior/exterior e que deve atender no mínimo às especificações indicadas na referida norma;
  • Tinta látex Premium: indicada para ambiente interior/exterior e que deve atender no mínimo às especificações indicadas na referida norma.

Em termos de desempenho, a tinta látex Premium tem critérios mais rigorosos para os requisitos estabelecidos e, dessa forma, espera-se que ela apresente melhor desempenho que a Standard, a qual, por sua vez, possui critérios mais rigorosos em relação às tintas Econômicas.

Todavia, a aquisição desses materiais deve ser baseada em resultados de ensaios de desempenho, alguns estabelecidos na ABNT NBR 15079/2011, e não em preços e/ou marcas, ou indicação de pintores, amigos etc.

Além dos ensaios estabelecidos nessa norma, considera-se fundamental medir o teor de sólidos de resina e as propriedades de absorção de água e de permeabilidade ao vapor de água desses materiais. A partir da análise combinada desses resultados é possível selecionar a tinta que apresentará melhor desempenho, que certamente será mais durável.

 

Impermeabilização das fachadas antes da pintura:

A aplicação de argamassa com propriedades impermeabilizantes é uma alternativa nos casos de existência de infiltrações no interior das edificações através do revestimento das fachadas. Todavia, são necessárias avaliações prévias para verificar:

  • Condições do emboço quanto à presença de anomalias (som cavo, fissuras, resistência superficial e resistência mecânica);
  • Compatibilidade mecânica e química da argamassa a ser aplicada com o emboço e desta com a pintura a ser aplicada sobre ela;
  • Determinação da resistência de aderência à tração da argamassa aplicada ao emboço. Essa atividade pode ser realizada em protótipos.
  • Análise laboratorial da argamassa a ser aplicada para verificar as propriedades impermeabilizantes informadas, suas propriedades de absorção de água por capilaridade versus permeabilidade ao vapor de água, bem como ensaios de desempenho do comportamento do sistema (emboço + argamassa impermeabilizante + pintura);
  • Definição do processo para a remoção de toda a pintura anterior e aplicação do novo sistema.

Para essa etapa, a norma ABNT NBR 13245/2011 (Sobre Tintas para construção civil – Execução de pinturas em edificações não industriais – Preparação de superfície) oferece diretrizes importantes de preparo do substrato de aplicação.

 

O que monitorar durante a pintura:

Antes da pintura, deverá ser avaliada a condição do emboço, corrigindo eventuais anomalias. É importante a realização de uma inspeção para verificar a presença de regiões com som cavo e mapeamento dessas áreas.

Dependendo da área comprometida, tornam-se necessárias correções antes da aplicação da pintura. Nessa etapa é importante também a correção de fissuras, remoção de eflorescência, correções de locais de infiltrações de água, tais como em peitoris de janelas, rufos etc.

A substituição de toda a argamassa de emboço é uma tarefa muita difícil de ser realizada e de alto custo. Desta forma, a sua substituição somente deverá ser empregada quando as possibilidades de recuperação forem esgotadas.

Essa avaliação demanda profissionais competentes com experiência no assunto e/ou consultores e laboratórios de ensaios que estão habilitados para um diagnóstico da condição da fachada e as recomendações para a recuperação.

  • As pinturas não devem ser aplicadas sobre emboços pulverulentos e/ou com baixa resistência superficial ao risco;
  • As pinturas não devem ser aplicadas sobre substratos úmidos, molhados e expostos à ascensão capilar.
  • Arestas, arremates horizontais e superfícies com pouca inclinação devem ser objetos de detalhes arquitetônicos que evitem que a água se acumule sobre essas superfícies ou cause depósito de sujidades e manchas indesejáveis, ao escorrer sobre a superfície do revestimento;
  • Da mesma forma, as fachadas, sempre que possível, deverão apresentar detalhes arquitetônicos que facilitem o escoamento do filme de água. Entre eles, são imprescindíveis os peitoris, cornijas e rufos. Esses detalhes construtivos devem ser providos de pingadeiras, cuja função é “quebrar” a linha d’água evitando que a mesma escorra pelas fachadas;
  • Durante a pintura, o usuário deverá controlar a diluição indicada pelo fabricante e garantir o consumo mínimo recomendado. Este deverá ser obtido e mantido em todo o processo, tomando por base a quantidade de tinta que entra na obra;
  • Coletar amostras aleatórias das tintas que entram na obra e enviá-las a um laboratório de ensaios, com objetivo de verificar a manutenção da qualidade da tinta tal como especificado.
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Sobre Ronaldo Sá Oliveira 247 Artigos
Diretor da RSO ASSESSORIA e PORTAL CONDOMINIO EM ORDEM CEO, especialista em normalização atuando em mais de uma centena de comissões técnicas nos últimos anos, dentre as quais ABNT NBR 14037 – norma de manuais de entrega; ABNT NBR 5674 – norma de gestão da manutenção; ABNT 16280 – norma de reforma (autor do texto base); ABNT NBR 15575 – norma de desempenho, ABNT NBR 16747 de inspeção predial etc. Prestador de assessoramento técnico, laudos, pareceres a condomínios e gestão de reformas. É assessor técnico de grandes entidades do setor imobiliário, construção e projetos, coordenador técnico de diversos manuais técnicos do setor e colunista de diversos canais voltados a construção e gestão de empreendimentos. whatsapp 11 99578-2550 ronaldo@rsoassessoria.com.br