SE VOCE AINDA TEM PÁRA-RAIOS RADIOATIVOS LEIA ISTO

PÁRA-RAIOS RADIOATIVOS

A fabricação de para-raios radioativos no Brasil foi autorizada de 1970 até1989, buy época em que a própria norma ABNT NBR 5419 indicava que os captores radioativos tinham uma eficiência maior que os convencionais. Porém, em 1989, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN, através da Resolução No. 4/89, suspendeu a autorização para a fabricação e instalação deste tipo de captor, baseada em estudos feitos no Brasil e no exterior que demonstraram que o desempenho dos para-raios radioativos não era superior ao dos convencionais na proteção dos edifícios, não se justificando, assim, o uso de fontes radioativas.

A decisão da CNEN contemplava a fabricação e a instalação de dispositivos novos, não interferindo na decisão sobre a substituição dos para-raios que já estavam instalados, os quais dependia das autoridades municipais que têm poder para regulamentar as normas de edificação em cada cidade. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Prefeitura, através do Decreto Municipal No.33.132 da Secretaria de Habitação, determinou que todos os para-raios radioativos fossem substituídos e que os sistemas de proteção contra as descargas atmosféricas fossem adequados à norma ABNT NBR 5419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Quando substituído, um para-raios radioativo passa a ser rejeito radioativo e deve ser recolhido à CNEN. Quem deve providenciar a substituição é o proprietário da edificação e esta substituição pode ser feita por qualquer pessoa, mas é preferível que seja feita por um profissional experiente porque em geral os para-raios estão em locais de difícil acesso e há riscos de queda. Além disso para que o prédio fique adequadamente protegido contra raios é necessário verificar se o aterramento da instalação está adequado e se o número de captores é suficiente para o tamanho e altura do prédio. O ideal é contratar uma empresa especializada em instalações elétricas.

Em 1993 a norma passou por uma revisão e houve um grande impacto no mercado, sendo o primeiro degrau técnico, que elevou a ABNT NBR 5419 a um nível superior até então. O novo degrau técnico, Em 2005 houve uma revisão do texto com alguns ajustes  onde a versão de 2005 da ABNT NBR 5419 contemplava 2 tipos de proteção, o Sistema de Franklin e o Sistema de Gaiola de Faraday,

O Sistema de Franklin é composto por um captador com 4 pontas, montado sobre um mastro cuja altura deve ser calculada conforme as dimensões da edificação, podendo se colocar um ou mais captores para uma proteção mais abrangente.

O Sistema de Gaiola de Faraday consiste em uma malha de captação, formando módulos retangulares, sempre utilizando cabo de cobre nu passando por suportes isoladores.

Era possível ainda, fazer uma associação dos dois sistemas, lembrando sempre que as características da edificação definirão a escolha de um dos Sistemas citados.

Em 2010 houve uma nova emenda a norma vigente na época e ajustes necessários para melhorar a aplicabilidade.

Em 2015, o texto passa a ter uma nova base e foi o maior dos passos, tendo a IEC 62305:2010 – Lightning Protection – partes 1 a 4.

Dentre as muitas alterações de conteúdo podem-se destacar:

  • Os procedimentos para o cálculo da captação pelo método do ângulo de proteção (Franklin), em que, ao invés dos ângulos serem fixos para cada situação de nível de proteção, eles passam a ser obtidos através de curvas;
  • O valor da resistência de aterramento de 10 ohms continua sendo recomendado , porém , em locais onde o solo apresente alta resistividade , poderão ser aceitos valores maiores, desde que sejam feitos arranjos que minimizem os potenciais de passo , e que os procedimentos sejam tecnicamente justificados.
  • As dimensões para a disposição dos módulos (quadrículas) no método das malhas (Faraday);
  • O espaçamento das descidas;
  • As dimensões de vários materiais utilizados no SPDA, principalmente os condutores de cobre nu.
  • Ao se ler o texto da nova versão da ABNT NBR 5419, nota-se que a maioria das alterações é consequência de um trabalho constante que busca adotar medidas que aumentem a segurança no SPDA e resultem em um texto mais apurado e abrangente.
  • Houve redução do espaçamento médio entre descidas, cujo valor foi diminuído para os níveis II, III e IV, aumentando nestes casos a quantidade de descidas. “Em relação ao aterramento, a versão brasileira retirou o arranjo tipo A, ficando apenas com o arranjo tipo B (em anel).
  • Passa a ser permitida a utilização das ferragens de estruturas de concreto protendido como parte integrante do SPDA. Os cabos de aço da estrutura protendida NÃO poderão ser utilizados como parte do SPDA.
  • Houve uma melhoria na tabela de condutores de captação com novos materiais como: aço cobreado e alumínio cobreado com algumas tolerâncias de dimensões mínimas estabelecidas.
  • A segunda parte da norma trata da análise de risco, onde em seu Anexo B descreve o cálculo de densidade de proteção de SPDA. Esse anexo passou a se chamar Análise de Risco no projeto, onde além dos itens relacionados diretamente com o SPDA, contempla outros riscos que não estão diretamente ligados aos riscos a estrutura, mas que vão contribuir para reduzir o risco da edificação.
  • A parte 4 da norma fornece informações para o projeto, instalação, inspeção, manutenção e ensaio de sistemas de proteção elétricos e eletrônicos (Medidas de Proteção contra Surtos – MPS) para reduzir o risco de danos permanentes internos à estrutura devido aos impulsos eletromagnéticos de descargas atmosféricas (LEMP). Ou seja, esse item discorre sobre as ações necessárias para se evitar danos aos equipamentos eletroeletrônicos.  “É a parte dos sistemas internos, da proteção dos sistemas eletroeletrônicos
  • A norma reforça a exigência de se documentar toda a instalação, através de projetos e relatórios técnicos, e de se fazer as vistorias periodicamente, o que vem ao encontro da prerrogativa da norma ABNT NBR 5674 sobre gestão de manutenção
  • A norma deixa muito claro os critérios dos sistemas de captação, descida e descarga e regras claras para projetos e execução, abrindo um leque por desempenho de sistema, mas deixa de ser uma “receita de bolo” e exige mais engenharia ao sistema e envolvimento de profissionais com mais qualificações para seus projetos e acompanhamento da vida útil do sistema
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Sobre Ronaldo Sá Oliveira 247 Artigos
Diretor da RSO ASSESSORIA e PORTAL CONDOMINIO EM ORDEM CEO, especialista em normalização atuando em mais de uma centena de comissões técnicas nos últimos anos, dentre as quais ABNT NBR 14037 – norma de manuais de entrega; ABNT NBR 5674 – norma de gestão da manutenção; ABNT 16280 – norma de reforma (autor do texto base); ABNT NBR 15575 – norma de desempenho, ABNT NBR 16747 de inspeção predial etc. Prestador de assessoramento técnico, laudos, pareceres a condomínios e gestão de reformas. É assessor técnico de grandes entidades do setor imobiliário, construção e projetos, coordenador técnico de diversos manuais técnicos do setor e colunista de diversos canais voltados a construção e gestão de empreendimentos. whatsapp 11 99578-2550 ronaldo@rsoassessoria.com.br

1 Comentário

  1. Olá Ronaldo Oliveira, excelente matéria!
    Este tema é muito importante e pouco discutido.
    Me deparei com este problema na realização de um serviço de emissão de laudo de SPDA em um prédio no Rio de Janeiro.

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